NABANUS - HERBARIUM
images per contact - 18x26cm
O rio nosso em cada dia
António Duarte
"Nem a natureza é imune ao homem, nem o homem é à natureza - ambos se fazem um ao outro, um do outro."
(...)
'O homem é, também, a sua paisagem: emergência em que o mundo, revisitando a sua intimidade, ai se desdobra como convite e presença insistente do que só como doação solicita pode estasiar-se e ser."
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"Porque este rio não é só água ou margem. É também o objecto do feitiço - convocação e poder das nossas obsessões, quando estas, passando ao outro lado das aparências, revelam a laceração do que mais nos dói. Neste enfeitiçamento, então, se consuma a simbólica transferência que permite, a tudo o que foi perdido, voltar a reviver."
(...)
"Porque nós, no esplendor da inocência, cuidando só em trazer ao ser o ser que éramos. cumpríamos ali um dever quase divino: recreando-nos, recriar o mundo. como se estivesse nas nossas mãos o sentido todo que ele pudesse ter.
Mas este acto de criação era também um acto de obediência - obediência à necessidade, pela qual tudo o que nos é estranho só pode ser possuído quando se transforma em obra nossa."